SOBRE A BIENAL
IMAGINAR É PRECISO
A presença dos nacionalismos para a compreensão das disputas que marcam o nosso tempo. É este o cenário sobre o qual se debruça a 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Comunidades Imaginadas, que ocorre de 9 de outubro de 2019 a 2 de fevereiro de 2020, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, reunindo mais de 60 obras e duas coleções, 55 artistas de 28 países, entre vídeos, pinturas, fotografia e instalação.
Juntos, a diretora artística Solange Farkas, o trio de curadores Gabriel Bogossian, Luisa Duarte e Miguel López e os membros do júri de seleção Alejandra Hernández Muñoz, Juliana Gontijo e RaphaelFonseca analisaram 2.280 inscrições, de 105 nacionalidades para selecionar obras advindas do Brasil, América Latina, África, Ásia, Oriente Médio e Oceania. Pela primeira vez, o tema norteador foi anunciado já na convocatória.
A 21ª Bienal toma de empréstimo o título do clássico estudo de Benedict Anderson para pensar nos tipos de organização social e comunitária que existem para além, às margens ou nas brechas dos Estados-nação: comunidades religiosas ou místicas, grupos refugiados de seus territórios originais, comunidades clandestinas, fictícias, utópicas ou aquelas constituídas nos universos subterrâneos de vivências corporais, sexuais.
É esse horizonte que se faz presente nas obras de autoria de artistas indígenas ou de povos originários do Brasil, Estados Unidos, Canadá, México, Peru e Nova Zelândia com trabalhos que tencionam as questões presentes no fazer e na representação dessas culturas na arte e no mundo, nas obras que abordam o universo cuir/LGBT , questões raciais , conflitos fronteiriços. A essas e tantas obras vem somar-se projetos de cinco artistas convidados – Andrea Tonacci, Hrair Sarkissian, Teresa Margolles, Rosana Paulino e Thierry Oussou.
Com mais de 35 anos de história, o até então Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil passa a adotar o nome Bienal integrando-se ao calendário internacional de Bienais e fortalecendo o seu posicionamento no cenário global de artes visuais. Para a diretora do Videobrasil, Solange Farkas, mais do que sacramentar uma periodicidade, “o termo Bienal reflete a percepção de que nossa prática investigativa nos aproxima de bienais internacionais como as de Sharjah, Cuenca, Havana e Dakar – instituições que, como o Videobrasil, trabalham para desenhar um panorama mais diverso da produção global e constituir um circuito paralelo àquele centrado no eixo Europa-Estados Unidos”.
Com boa parte de suas três décadas de história ligada ao Sesc Pompeia, a Bienal este ano ocupa o Sesc 24 de Maio. Valendo-se da polifonia de vozes, sotaques e sentidos presentes no Centro da cidade e das propostas arquitetônicas de Paulo Mendes da Rocha para o antigo edifício da Mesbla, a Bienal aposta na consonância entre a diversidade e o pluralismo do espaço e as propostas de sua curadoria.
Para o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda “ao Sesc compete repercutir e mediar perspectivas plurais por meio de uma ação cultural afeita a experiências dedicadas a desfazer as amarras herdadas do passado colonial e contraídas de uma condição geopolítica periférica. O recorte curatorial da 21a Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, reúne experiências artísticas dispostas a conceber o comum e seus respectivos laços a partir de aspectos e compromissos não hegemônicos”.