Andrea Tonacci
1944 | Roma, Itália, 1944 – São Paulo-SP, Brasil, 2016 |
Foi cineasta, roteirista e produtor independente. Iniciou sua carreira na década de 1960, despontando como um dos principais nomes do chamado Cinema Marginal, junto a criadores como Rogério Sganzerla e Júlio Bressane. Dirigiu, nesta época, filmes como Olho por Olho (1965) Blá Blá Blá (1968) e Bang Bang (1970), explorando o nonsense, o deboche e a precariedade, no que muitas vezes se considerou como alegorias do clima de asfixia provocado pelo endurecimento da ditadura militar brasileira no período. Nas décadas seguintes, passa a se interessar pelas culturas ameríndias, em trabalhos como Conversas no Maranhão (1977), Guaranis do Espírito Santo (1979) e Os Araras (1981). Em 2004, lança Serras da Desordem, uma de suas mais premiadas realizações. Foi também um dos pioneiros na utilização do vídeo portátil no Brasil.
Struggle to Be Heard: Voices of Indigenous Activists
1979 -1980 | Instalação composta por cinco vídeos
Entre 1979 e 1980, com bolsa da Fundação Guggenheim, Tonacci percorreu os Estados Unidos, Canadá, México, Peru, Guatemala e Brasil, entrevistando lideranças indígenas e registrando seus encontros. A ideia era se aproveitar da mobilidade permitida pelo vídeo para levar, de um povo a outro, depoimentos e imagens de experiências de conflitos que pudessem contribuir para a percepção da violação física, cultural e territorial sofrida por todos eles. O projeto foi interrompido por falta de recursos e também, segundo Tonacci, por sua percepção de que a imagem da resistência dos povos indígenas deveria ser construída a partir da perspectiva deles, e não da sua. Com quase 20 horas de duração, o material bruto foi recuperado e digitalizado somente em 2014, testemunho bruto e documento de um aprendizado que se dá pela escuta e pela espera.