9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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Tomaz Klotzel

Tomaz Klotzel

1979 | Pelotas-RS, Brasil | Vive entre Pelotas e São Paulo-SP

SOBRE | DEPOIMENTO

Bacharel em fotografia, procura pensar a maneira como as estruturas políticas e sociais influenciam as subjetividades dos indivíduos, tendo no perspectivismo ameríndio e nas formas latino-americanas de afeto duas de suas premissas conceituais. Apresentou trabalhos solo no Festival de Live Cinema no MIS-RJ e no Kinolounge, em São Paulo. Participou de mostras de vídeo e cinema como Kurye International Video Festival (Turquia), Oslo Screen Festival (Noruega), Hovefestival em Arendal (Noruega) e International Video and Contemporary Art Festival Waterpieces (Letônia); e das exposições coletivas Brasiliens Gesichter, no Ludwig Museum (Alemanha), In-Sonora (Espanha), entre outras. Em 2013, iniciou, junto com o antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares, o projeto DepoisDeJunho.


O conceito de “imagem expandida” com que defino as fotografias da série Ousadia, Majestade!, surgiu na tentativa de observar espaços vazios, sociais e políticos, assim como afetivos, através das ausências que eles comportam, isto é, criar uma Imagem da Ausência; uma expansão para além dos limites da visualidade e da materialidade, negando o caráter de registro da fotografia. Os elementos que me interessam capturar são justamente aqueles impossíveis à técnica fotográfica. Uma das maneiras de realizar essa captura foi por uma inversão do procedimento do casal Becher: o elemento fixo e central nos enquadramentos é o corpo morto que, no entanto, não está visível.

Quando penso na questão da prática artística e da fotografia em um ambiente de militância e ações positivas e afirmativas, pergunto-me como se concentrar na atividade de formular as perguntas, resistindo à tentação de apresentar as respostas? Talvez a arte política consiga unir irresponsabilidade teórica e liberdade propositiva com comprometimento afetivo. Uma indagação surgiu nas conversas que tive ao longo da pesquisa e permanece sem resposta: e se isso tudo não passasse de um sonho mau? E, nesse caso, como despertar? Minha prática é uma busca constante por formas de questionar o absurdo. 

A experiência cultural reflete essa nação disputando o território em sua profundidade, revelando o viés das lutas sobre ele: a conquista do exótico, dos corpos, do trabalho. A inserção nessa perspectiva histórica é pontuada, no meu caso, por uma ruptura: pelo reconhecimento da impossibilidade de representar a terra, seja pela dimensão do território, seja pela densidade do elemento. Parte de minha prática se tornou uma investigação sobre como enxergar através da opacidade dessa terra multipresente.

Ousadia, Majestade!

Ousadia, Majestade!

2018 | Instalação composta por 3 fotografias e textos

 

Composto por três imagens, o trabalho fotográfico visita locais de crimes por disputa de terra no estado do Pará. Às fotografias somam-se registros dos depoimentos de testemunhas para as investigações policiais, conversas gravadas com parentes e o áudio do julgamento do mandante de um assassinato. A mistura e justaposição de registros traça uma cartografia vazia de presenças das vítimas, mas cheia de ecos afetivos, criminais e jurídicos.

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