9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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Jim Denomie

Jim Denomie

1955 | Hayward, EUA | Vive em Franconia, EUA

SOBRE | DEPOIMENTO

Artista visual. Formado em artes visuais pela Universidade de Minnesota (EUA). Indígena do povo Ojibwe, suas pinturas e desenhos abordam, com humor e crítica, as violências impostas pelos colonizadores aos povos originários dos Estados Unidos. Participou de exposições individuais e coletivas em diversas instituições estadunidenses, e suas obras fazem parte da coleção de museus como Museum of Contemporary Native Arts (Santa Fé, EUA) e Eiteljorg Museum of American Indians and Western Art (Indianápolis, EUA).


Em relação à pintura, devido às campanhas históricas do governo para extinguir as populações de indígenas americanos, minha identidade cultural é muito importante para mim. Sou um produto da campanha de assimilação (e outros programas governamentais). O conteúdo das minhas obras reflete as perspectivas e entendimentos de um homem indígena norte-americano contemporâneo vivendo nos Estados Unidos do século XXI. 

Sinto que meu trabalho oferece uma expansão das definições de arte indígena. Como artista formado segundo os princípios da arte moderna, participo da cena artística oficial como um artista indígena que trabalha além dos limites associados à expectativa tradicional sobre a arte indígena.

Esse movimento aparece no meu trabalho com a agitação emocional que senti ao testemunhar os acontecimentos na reserva Standing Rock, em 2016, pelas redes sociais (devido a problemas de saúde, não pude ir até lá). Falei também com muitas pessoas que estiveram nos protestos contra o Oleoduto de North Dakota no ano seguinte. A partir dessas informações, fiz esboços e criei nove pinturas para uma exposição individual em 2018, na Bockley Gallery, intitulada Jim Denomie, Standing Rock Paintings [Jim Denomie, Pinturas de Standing Rock]. Diversas dessas pinturas narrativas mostravam os ataques e táticas militares usadas pela polícia racista e por uma empresa de segurança privada contra manifestantes pacíficos e desarmados.

Standing Rock, 2016

Standing Rock, 2016

2018 | Óleo sobre tela

 

Em 2016, moradores da Reserva Indígena Standing Rock, nos Estados Unidos, organizaram protestos contra a construção de um duto de petróleo que atravessaria a área, cortando o rio Missouri. Tendo como foco a proteção da água do rio, o acampamento da manifestação, que durou meses e chegou a ter seis mil pessoas, foi duramente reprimido, com uso de gás lacrimogênio, cães de ataque e canhões de água (inclusive durante as baixas temperaturas do inverno). Na pintura, esse cenário é reconstruído com uma composição boschiana de helicópteros, hienas, cães de duas cabeças, um Donald Trump assediando a Justiça e outros elementos que, entre o realismo e a fantasia, acumulam pequenas alegorias de uma situação marcada pela crueldade da repressão e pela persistência de quem resiste.

Off the reservation (Or Minnesota Nice)

Off the reservation (Or Minnesota Nice)

2012 | Óleo sobre tela

 

O artista evoca e atualiza para o presente momentos da chamada Guerra de Dakota, de 1862, um conflito armado entre os Estados Unidos e os povos dakota (também conhecidos como sioux do leste). A pintura oferece uma imagem crua do conflito, na qual a tensão entre os diferentes lados nos fala das dificuldades enfrentadas pela visão indígena de mundo em um cenário marcado pela lógica extrativista da economia neoliberal.

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