Tang Kwok-hin
1983 | Yuen Long, Hong Kong | Vive em Yuen Long
SOBRE | DEPOIMENTO
Mestre em Artes Visuais pela Universidade de Hong Kong, desenvolveu uma obra inseparável de sua trajetória e experiências de vida. Venceu o primeiro prêmio da Bienal de Arte Contemporânea de Hong Kong em 2009, participou da 15ª Bienal de Veneza: exposição Internacional de Arquitetura no Pavilhão de Hong Kong, da 7ª Bienal de Urbanismo e Arquitetura, da 15ª Bienal de Arte Multimídia da WRO e da Bienal Contemporânea de Hong Kong 2009, entre outras.
Moro na minha aldeia há muito tempo. Dizem que ela tem quase 800 anos de história, pois é uma das aldeias muradas mais antigas de Hong Kong. Como filho único, tenho a sorte de dispor de espaço para observar, perceber, tocar e jogar com características e conflitos dentro da comunidade e, ao mesmo tempo, de testemunhar como elementos externos lenta ou rapidamente transformam seu ambiente e seu entorno. Inconsciente, porém voluntariamente, aceitei ser uma testemunha deste lugar, das vidas e das coisas, e de mim mesmo, alguém capaz de ilustrar as emoções de seus diferentes capítulos.
As duas obras apresentadas na 21ª Bienal falam de duas pessoas. Grandpa Tang fala de meu avô, assim como de outros ancestrais da minha aldeia que realmente existiram, mas já não existem mais; I Call You Nancy fala de minha irmã imaginária, como se ela tivesse existido. Essas obras são todas derivadas da minha experiência de vida. Mas não as considero obras de arte, embora elas representem um certo momento, um certo período de tempo, agregando pensamentos a certas imaginações. Elas são, assim, transformadas e demonstradas, como ecos da vida cotidiana.
Os vídeos geralmente fazem parte das minhas instalações, embora possam ser usados independentemente. Em Grandpa Tang, o movimento das lentes ou os quadros congelados tentam representar meu estado físico e minha visão da aldeia. A captação e o corte das imagens no processo de edição conferiram ao projeto um contexto e um ritmo mais claros. Em I Call You Nancy, o vídeo não mostrava a conversa e a coordenação com a minha mãe, deliberadamente deixadas de fora para serem imaginadas. Para o público geral, este vídeo pode ser lírico, mas, para minha mãe, foi um bálsamo para a alma.
I Call You Nancy
2012-2017 | Instalação composta por video (7’45’’) e colagem
Tendo como ponto de partida a decisão tomada por sua mãe de interromper uma gravidez, Tang cria uma irmã imaginária e entrelaça memórias para criar uma vida para a menina que nunca conheceu. A partir de um álbum de fotografias e de pesquisas na internet, o vídeo costura um vislumbre ou um conjunto de reminiscências da irmã querida, misteriosa, desconhecida que hoje teria 25 anos.
Grandpa Tang
2015 | Instalação composta por vídeo (13’39’’) e objetos
O que um avô deixa para os descendentes? Qual é a relação estabelecida entre objetos e a memória daqueles que não estão mais presentes? Arrumando a casa familiar, o artista encontra um estranho baú repleto de memórias. Fotos, cartas, pinturas, certidão de casamento, livros, anotações, datando de décadas ou mesmo um século atrás. Em um mundo em transformação, em que os rituais perdem espaço para a busca do lucro e da eficiência, o artista mistura registros do Ano Novo e do Festival do Outono chinês às relíquias do avô para criar um memorial que funcione como locus de descanso, um intervalo de pertencimento, um caminho para casa.