9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
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Ana Carvalho, Ariel Kuaray Ortega, Fernando Ancil, Patrícia Para Yxapy

Ana Carvalho, Ariel Kuaray Ortega, Fernando Ancil, Patrícia Para Yxapy

Brasil |

SOBRE | DEPOIMENTO

ANA CARVALHO

São Paulo-SP, Brasil, 1977

Vive em Paudalho-PE, Brasil 

É artista, fotógrafa e cineasta. Desde 2008 atua na ONG Vídeo nas Aldeias (VNA), dedicada à formação audiovisual entre os povos indígenas, como roteirista, diretora e ministrante de oficinas. Atua também na coordenação do acervo da instituição, desenvolvendo projetos de digitalização e devolução para as comunidades do arquivo de imagens da VNA. Com Fernando Ancil, realizou a exposição Feira Livre, Centro Cultural da UFMG, Belo Horizonte (2014), além de participar da XI Bienal do Recôncavo, São Félix, Brasil (2016), e da coletiva Collective Body, Escola de Belas Arte da UFMG, Belo Horizonte, Brasil (2011).

ARIEL KUARAY ORTEGA 

25 de Mayo, Argentina, 1985

Vive na Aldeia Koenju, São Miguel das Missões-RS, Brasil

É cineasta. Formou-se nas oficinas da ONG Vídeo nas Aldeias. Seus filmes têm como temas centrais a espiritualidade e a cosmologia Guarani, bem como as ideias de jeguatá e jeguatá porã, palavras que expressam o deslocamento contínuo desse povo em busca do bem-viver, criando um território sem fixidez entre Brasil, Argentina e Paraguai. Codirigiu, com Patrícia Ferreira, o premiado Bicicletas de Nhanderu (2011), Duas aldeias, uma caminhada (2008), Mbya-Mirim (2013) e Desterro Guarani (2011). Assina a codireção, com Vincent Carelli e Ernesto de Carvalho, de Tava: A casa de pedra (2012). Participou de diversas mostras e festivais, como o American Native Film Festival, forumdoc.bh, e Cine Fronteira.

FERNANDO ANCIL

São João del Rei-MG, Brasil, 1980

Vive em Paudalho-PE, Brasil 

É artista. Formou-se em conservação e restauração de bens culturais móveis pela FAOP e em artes visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG. Trabalhou como professor de desenho, escultura e fotografia na FAOP entre 2007 e 2008. Participou de diversas exposições coletivas e individuais, com destaque para Feito poeira ao vento, fotografia na coleção MAR, Museu de Arte do Rio (2017); Escavar o Futuro, Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte (2013); e Convite à Viagem – Programa Rumos, Itaú Cultural, São Paulo (2011–2013). Com a artista Ana Carvalho, realizou, ainda, a exposição Feira Livre, Centro Cultural da UFMG, Belo Horizonte (2014), além de participar da XI Bienal do Recôncavo, São Félix (2012). Suas pesquisas têm como objeto os limites entre trabalho, ofício e artes.

PATRÍCIA PARA YXAPY

25 de Mayo, Argentina, 1985

Vive na Aldeia Koenju, São Miguel das Missões-RS, Brasil

É cineasta, formada pelas oficinas da ONG Vídeo nas Aldeias. É codiretora, com Ariel Ortega, dos premiados Bicicletas de Nhanderu (2011), Mbya-Mirim (2013) e Desterro Guarani (2011). Assina a codireção, com Vincent Carelli e Ernesto de Carvalho, de Tava: A casa de pedra (2012). Interessa-se pelas questões relativas ao lugar da mulher, tanto em seu povo quanto em outras sociedades. Participou de diversas mostras e festivais no Brasil e no mundo, tais como o American Native Film Festival, forumdoc.bh, Lugar do Real, Cine Fronteira, FINCAR, entre outros.



As relações entre o Jeguatá e a nossa produção audiovisual foram nos surpreendendo muito durante o processo, porque o objetivo era compreender mais sobre o Jeguatá, e as conversas com algumas lideranças – assim como com outras pessoas importantes, como os mais velhos que estão lá, que já foram de alguma forma também lideranças da aldeia e hoje são nossos conselheiros –, isso foi essencial.

A impressão que eu tive nesse percurso é que estamos deixando um pouco para trás pessoas tão importantes e começando a caminhar em direção a outro lugar, talvez sozinhos, sem eles. Mas acho importante para todos nós essa orientação dos mais velhos. Nós, jovens, estamos aprendendo coisas novas que os mais velhos não têm acesso, mas ao mesmo tempo é muito importante aprender com eles, pois existem muitas coisas para serem discutidas quando se fala da relação entre o conhecimento tradicional e o contemporâneo.

Durante a execução da escuta nesse trabalho, além dos acontecimentos do momento, nos foram contadas muitas histórias, então priorizamos nos ater a escutá-las, compreendendo melhor a narrativa que gostaríamos de estabelecer.

Resposta da Patrícia

Ao mesmo tempo, é complexo escrever sobre a relação dos povos não indígenas e o Jeguatá. A minha opinião sobre o projeto é que foi muito importante para nós, tanto por termos aprendido muito nas aldeias, tirando fotos, escutando as pessoas conversando dentro da aldeia. Mas também existe outro aprendizado, que para mim foi muito importante, que foi a convivência entre nós, autores.

Durante as viagens, tivemos diversas discussões importantes não só para o Jeguatá, mas também para os Guaranis, cujas aldeias também visitamos. Esse outro olhar trouxe um aprendizado sobre os modos de convivência. Acho que foi uma das coisas importantes nesse aprendizado, a convivência e a experiência durante o trabalho.

Não foi somente uma viagem sobre o Jeguatá, mas também uma viagem sobre amadurecimento. Um aprendizado sobre como chegar. Foi uma experiência nova também para a gente, de tocar em um assunto profundo e espiritual com pessoas não indígenas. Um desafio de conviver, de buscar esse significado do Jeguatá por meio dessa aproximação.

Resposta do Ariel

Jeguatá – caderno de viagem

Jeguatá – caderno de viagem

2018 | Instalação composta por três vídeos (17’, 20’ 17’) e objetos diversos

 

Resultado de um processo de criação junto aos Mbyá-Guarani do sul do Brasil, o trabalho teve como guia o deslocamento contínuo desse povo em busca do bem-viver, conceitualizado na ideia de jeguatá, criando um território sem fixidez entre Brasil, Argentina e Paraguai. O projeto, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, se constituiu no percurso traçado entre Koenju, São Miguel das Missões, Brasil, e Pindó Poty, Misiones, Argentina. A partir da reunião dessas imagens produzidas nas aldeias e de objetos recolhidos no trajeto, este “caderno de viagem” revela tanto um procedimento errático como a construção de um espaço livre e associativo, onde um outro território – poético, cotidiano e atual – emerge e ganha sentido, e onde o outro – Mbyá-Guarani – assume novos contornos e visibilidade.

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