9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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Adrián Balseca

Adrián Balseca

1989 | Quito, Equador | Vive em Quito

SOBRE | DEPOIMENTO

É artista. Realiza vídeos, fotografias e instalações que abordam questões socioambientais implicadas nas dinâmicas extrativistas, sobretudo aquelas do contexto histórico da formação do estado moderno do Equador. Assim, partindo de problemáticas aparentemente pontuais, questiona as alianças entre técnica, ciência, economia e política, e os processos de dominação envolvidos na origem das nações do Novo Mundo. Participou dos coletivos equatorianos La Select e Tranvía Cero. Expôs nas coletivas Energ(ética), Flora Ars Natura, Bogotá (2017); Horamen, Museu Casa del Alabado de Arte Pré-Colombiana (2017). Em 2015 foi laureado com a Grants & Comissions Program daquele ano pela Fundación Cisneros.  

Meu interesse é justapor fontes tradicionais e não associadas do conhecimento, colaborando com diferentes atores, oriundos de disciplinas e origens particulares diferentes, como engenheiros, cientistas, líderes comunitários e biomecânicos locais, ou especialistas no desenvolvimento comunitário, e uni-los em torno de um objetivo comum, ao lidar com conceitos de energia e tecnologia. Estou tentando apagar os rótulos de categorias predefinidas como "high tech" e "low tech", usando no meu trabalho metodologias que unem essas diferentes disciplinas e perspectivas.

A energia em si e suas realizações precisam ser redefinidas depois da Segunda Revolução Industrial. Penso que as práticas artísticas de hoje, inscritas em um contexto neoliberal, precisam lidar com seus próprios desperdícios e sobrecargas de energia. Quase todos os meus trabalhos começam como um projeto de pesquisa que buscam associar histórias específicas ao materialismo histórico, acrescentando camadas de complexidade a uma estrutura temporal não muito identificável, deixando claro que lidar com a história é político. Minha obra visa a uma determinada historiografia e a configuração dessa historiografia, como um fato político. Meu interesse é criar narrativas incertas, que criem dúvidas em torno das narrativas históricas estabelecidas. 

Com isso, refiro-me aos modos como nos relacionamos com discursos de Estado e nacionalidade como lugares confortáveis. Sempre desconfiei dos discursos pré-elaborados pelo Estado – o que eles mostram e o que realmente ocultam. A própria construção de um perfil identitário como uma única “identidade central”, ou uma “identidade nacional” como um todo, é bastante problemática para mim. Em alguns dos meus trabalhos, é possível ver algumas identidades locais muito específicas, que realmente se afastam daquilo que o Estado equatoriano deseja projetar e desenvolver como sua própria cultura.


The Skin of Labour

The Skin of Labour

2016 | Instalação composta por filme 16mm (9’30’’) e jornal

 

Um aparato de projeção roda um filme em 16mm com imagens de um seringal na Amazônia equatoriana. Vasos coletores de látex assumem a forma uma mão, presença fantasmagórica das relações históricas de exploração na região. Acompanhando a imagem em movimento, fotografias e uma luva indagam os valores centrais que fundamentam a exploração humana da natureza e refletem sobre o impacto da tecnificação do trabalho. Tomando como fio condutor a extração da borracha, que remete aos primórdios da colonização europeia, o trabalho sublinha a lacuna abissal entre certo imaginário coletivo, que relaciona a Amazônia à ideia de natureza idílica, e a prática sistemática de conquista desse território para fins de dominação política e econômica.

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