9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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Paul Rosero Contreras

Paul Rosero Contreras

1982 | Quito, Equador | Vive em Quito

SOBRE | DEPOIMENTO

A produção de conhecimento por meio de dados científicos, narrativas ficcionais e práticas interdisciplinares está no centro da prática de Contreras, em tópicos relacionados a geopolítica, questões ambientais e a relação entre os seres humanos e seu ambiente de vida. Mestre em arte e tecnologia pelo Califórnia Institute of the Arts (CalArts), nos EUA, e mestre em ciência cognitiva e mídia interativa pela Universitat Pompeu Fabra, na Espanha, teve seu trabalho exibido na 57ª Bienal de Veneza, no Musée du Quai Branly, em Paris, na 5ª Bienal Internacional de Moscou de Arte Jovem, no Museu de História de Zaragoza, na Espanha, na 11ª Bienal de Cuenca, Equador e na 1ª Bienal Antártica, entre outros locais.


Vejo meu trabalho dentro da ideia de produção de conhecimento e, portanto, da pesquisa científica. Isso deve ser entendido como uma abordagem ampla daquilo que podemos considerar o desconhecido. A prática artística tem muito espaço para sobrepor interesses, independentemente da especificidade. A arte, na melhor das hipóteses, poderia ser um cataclismo de perspectivas que devem fornecer algumas intuições sobre temas contemporâneos. Nesse sentido, penso que todo tipo de pesquisa é inteiramente válido no sentido de buscar significados e, enfim, desenvolver uma voz pessoal. Eu me envolvi com a pesquisa científica há quase uma década, quando resolvi aprender algo fora do domínio do exercício artístico.

Meus projetos partem de questões, curiosidades, oportunidade e imaginação. Eu me vi trabalhando ao lado de cientistas que, como muitos artistas, tentam transformar o invisível em visível. O realismo especulativo, a ficção científica e mesmo a magia são ingredientes que contemplo quando estou desenvolvendo ideias. Gosto do imaginário de um alquimista reunindo informações em primeira mão ao longo dos anos, do gelo da Antártida à cratera de um vulcão nas ilhas Galápagos. O que um personagem como esse representa é, na verdade, a expansão humana em um mecanismo de descoberta e sobrevivência. De alguma forma, penso que todos nós participamos dessa lógica, algo inato que aciona nossos desejos mais primordiais. Nesse sentido, a arte constrói meios de olhar nosso entorno que podem contribuir para formar uma opinião crítica e pessoal. Nesse contexto, os artistas enquanto membros da sociedade fazem parte de uma rede de análises e proposições para enfrentar dilemas atuais.

Venho de um lugar definido por uma paisagem vulcânica em atividade. Quito fica na encosta de um grande vulcão que entrou em erupção algumas vezes nos últimos vinte anos. Considero os vulcões a origem e o fim de alguns ecossistemas. Um vulcão é um paradoxo em si. Ele destrói e constrói. Ele transforma e faz surgirem novos inícios. Uma força maior que precede a humanidade e não se submete à domesticação ou a previsões exatas. Se tivermos a chance de superar o desastre e a tragédia que os vulcões podem produzir, uma paisagem vulcânica nos permite imaginar futuros possíveis, inclusive a possibilidade de sonhar com uma outra realidade em termos sociais, econômicos e políticos.


Dark Paradise: Humans in Galapagos

Dark Paradise: Humans in Galapagos

2016-2019 | Videoinstalação em dois canais

 

Elemento com forte apelo imaginário, uma ilha pode ser a encarnação de sonhos antinacionalistas, inspirações primitivas ou desejo de isolamento. Após sua descoberta em 1535, as Ilhas Galápagos permaneceram raramente habitadas até 1832, quando foram anexadas ao Equador. O projeto de Contreras investiga os primeiros assentamentos no arquipélago, como um experimento social paradigmático. Dark Paradise funciona no encontro entre arqueologia histórica e narrativa mitológica para desenvolver uma metáfora sobre espécies subaquáticas e seu aspecto aparentemente paradisíaco.

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