9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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Maya Shurbaji

Maya Shurbaji

1979 | Damasco, Síria | Vive em Berlim, Alemanha

SOBRE | DEPOIMENTO

Produtora, cineasta, roteirista e curadora. Mestra em gestão cultural pela Universidade Aberta da Catalunha (Espanha). É produtora de cinema na Bidayyat for Audiovisual Arts, organização sediada em Beirute, fundada em 2013 para incentivar a produção audiovisual árabe, em especial de sírios. Foi curadora em diversos festivais de cinema, como o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Uppsala (Suécia). Seu filme At last, a tragedy estreou no 68º Festival de Berlim, em 2018.


Do meu ponto de vista, a política molda a vida pessoal. Tento escapar da tragédia coletiva recorrendo a uma tragédia pessoal e física, mas não consigo, porque está tudo conectado e, conforme você lida com a sua dor pessoal, se dá conta de que ela é parte de uma dor maior. Patriarcado, ditadura, operação, prisão são temas centrais deste trabalho, At Last, que apresento na 21a Bienal, em que traço uma narrativa não linear que conduz o espectador a uma história trágica. 

Do ponto de vista da realização técnica do filme, devido ao contexto político da Síria não pude filmar na minha cidade, Damasco; por isso, utilizei arquivos pessoais para me referir ao passado ou à minha cidade. Mas é parte do meu conceito utilizar material de arquivo para falar da Síria e do passado, enquanto emprego filmagens de Beirute para falar do presente.

Nesse sentido, o tempo é um tema muito importante em meu filme: uso o presente para falar do passado, e visito o passado para falar do presente. Para mim, é um ciclo constante: o passado é presente e o presente é o passado. O tempo está passando, mas nada está acontecendo. Estou aprisionada. É por isso que não vejo um futuro, e é por isso que o futuro não está presente no meu filme.

Wa Akhiran Musiba

Wa Akhiran Musiba

2017 | Vídeo, 15’49’’

 

Recortes aparentemente desconexos montam a narrativa pessoal e, em certa medida, intransferível dessa história em que o trágico é menos um dado que uma sombra. Entre cenas urbanas, ângulos inusitados de espaços interiores, filmagens antigas de infância e conversas por meio de aplicativos de mensagem instantânea, um trauma insinua-se. Entre roupas sem uso, corpos fora de foco, guerras, interlocutores desaparecidos e animais indiferentes, o título do vídeo sugere o estranho alívio experimentado pela artista ao desenvolver esse ensaio poético sobre o trauma: "Enfim, uma tragédia".

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