9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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Sadik Alfraji

Sadik Alfraji

1960 | Bagdá, Iraque | Vive em Amersfoort, Países Baixos

SOBRE | DEPOIMENTO

Artista visual, trabalha com desenho, pintura, animação e videoinstalação. Seu trabalho foi apresentado em exposições no Mathaf: Museu Árabe de Arte Moderna (Qatar), Barjeel Art Foundation, em Sharjah (Emirados Árabes Unidos), Maraya Art Center, Sharjah (Emirados Árabes Unidos), British Museum (Londres), no pavilhão do Iraque da 57ª Bienal de Veneza e no Museu Mori (Tóquio, Japão), entre outros.


Como um catálogo multicultural, todas as imagens da obra I Am the Hunter I Am the Prey  se referem às principais fontes no processo de formação do ser humano, simultaneamente como caçador e como caça. Essas fontes podem variar de acordo com sua relação com o conceito desta obra, seja ela cultural, física, histórica, anatômica etc. Tudo isso forma um conjunto de mecanismos que, em grande medida, definem nossa existência. Tentei recorrer a diversas fontes para cobrir diferentes culturas e eras, de modo a afirmar claramente que a dialética do caçador e da caça é universal e essencialmente define nossa existência neste mundo.

Nesse sentido, resolvi que gostaria de trabalhar com animação, pois sou um artista que desde o início trabalha com o mundo gráfico, com ênfase no uso da cor preta, pois o preto ocupa grande espaço na cultura iraquiana, e foi ali que cresci e vivi metade da minha vida. Além disso, tenho emoções e relações profundas com relação à cultura da contação de histórias no Iraque, assim como com a filosofia e a literatura em geral, e vejo que às vezes não me satisfaço com a imagem gráfica imóvel, buscando o que a animação em vídeo ou animação gráfica podem oferecer e os potenciais que fornecem para criar um conceito completo... Sou um artista e um contador de histórias... As histórias me acompanham no meu trabalho.

Observando minha obra de uma perspectiva mais ampla em relação a outros artistas iraquianos, tanto de dentro quanto de fora do país, e de artistas de outras regiões do mundo com questões diaspóricas, como a América Latina, acredito que a produção cultural dos artistas iraquianos é variada e resultou em muitos trabalhos artísticos de grande valor, que contribuíram e enriqueceram o cenário artístico geral... mas será que é uma arte que conserva aspectos iraquianos puros e limpos como vemos no mundo latino-americano, por exemplo? Não creio que seja... Sei que existem muitos artistas iraquianos que produzem grandes obras de arte com aspectos universais e que definitivamente deixaram uma marca própria no movimento artístico daquela região do mundo.


I Am the Hunter, I Am the Prey

I Am the Hunter, I Am the Prey

2017 | Vídeo, 4’37’’

 

Comissionada para o Pavilhão do Iraque da 57ª Bienal de Veneza, a animação gráfica brinca com a dialética caça/caçador a partir de desenhos inspirados por livros escolares, mitos antigos, contos de fadas, manuscritos islâmicos, desenhos anatômicos, cosmologias e signos do zodíaco. Representações da caça são antigas, e não há caçador sem presa, nem presa sem caçador, com posições que frequentemente se alternam nas relações humanas.

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