chameckilerner
1992 | Brasil | Vivem em Nova York, EUA
SOBRE | DEPOIMENTO
O duo é formado pelas artistas Rosane Chamecki (Curitiba, 1964) e Andrea Lerner (Curitiba, 1966), atuando entre a dança e o vídeo. Em seus trabalhos, o corpo e suas qualidades cinéticas são explorados enquanto articulador de questões referentes aos modos de relacionamento consigo e com o outro. Iniciou sua investigação artística em dança contemporânea, com peças comissionadas pelo Balé do Teatro Guaíra e pelo American Dance Festival, entre outros, sendo premiado em diversos festivais internacionais. Em 2007, iniciou a produção de obras em vídeo, combinando dança, performance e videoinstalação. Seus filmes foram apresentados e premiados no IX Festival Internacional de Video Arte de Barcelona (2016); Soft Power Arte Brazil, Kunsthal KAdE, Amerfoort, Países Baixos (2016), e Leeds International Film Festival, Reino Unido (2016). Tiveram obras transmitidas pela TV no Reino Unido, EUA, Austrália e Holanda.
#RESISTA faz parte de uma série (RESIST) que foi inicialmente criada para a Marcha das Mulheres, que aconteceu em janeiro de 2017, em Washington, e em várias outras cidades no mundo. A marcha foi concebida como resposta à eleição de Donald Trump à presidência dos EUA e suas posições ofensivas contra as mulheres, homossexuais e transgêneros, posições profundamente relacionadas a uma autonomia corporal.
Nesta instalação, damos a oportunidade ao espectador de tornar-se um participante/militante, unindo-se a esta “marcha imaginária”. Nossos corpos são sociopolíticos, por serem identificados, representados e absorvidos dentro dos parâmetros sociais e culturais de cada grupo específico: na causa feminina, a pélvis é literalmente o invólucro dos nossos órgãos de reprodução e, consequentemente, a arma perfeita para um protesto em relação à autonomia e aos direitos de procriação. Na causa LGBTQIA, a pélvis está no centro da controvérsia de identidade de gênero, não exercendo mais função absoluta de identificação.
#RESISTA é uma instigação auditiva, e vemos isso como uma ação social no imaginário, principalmente porque não envolve nenhuma ação imediata. No momento em que colocamos essa provocação num espaço público, ela já não pertence somente a nós. Diante da decisão de participar, o público passa a ser militante ativo, ou seja, com poder de julgamento, mas também participante necessário para que a peça exista dentro do espaço da 21ª Bienal, naquele momento. Apesar disso, sabemos que nem todos os ouvintes terão a iniciativa, o nível de conforto necessário para participar, ou mesmo a aceitação da prerrogativa. Acreditamos, porém, que o ouvinte passivo internaliza a obra, mesmo que a abandone sem finalizá-la. A “não participação” é uma participação ao inverso – o espaço negativo de uma imagem. Neste trabalho específico, o grande apelo reside não só no espaço, não destinado à dança, mas também no corpo não organizado para dançar.#RESISTA
2018 | Peça sonora; áudio em loop, 2’30’
A voz sugere um evento integrando pessoas de todos os gêneros, descrevendo em detalhes uma coreografia. O movimento da parte de baixo da pélvis, paralela ao chão, age como a ponta de um lápis, escrevendo a palavra RESISTA. O corpo articula-se em discurso, deslocando o íntimo para transformá-lo numa ação grupal. As partes baixas dos quadris aludem a uma coleção de simbolismos, tais como feminilidade, estabilidade, fertilidade e sexualidade. Ao enfatizar um movimento vigoroso e determinado, a obra alude ao aspecto sociopolítico do corpo.