9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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No Martins

No Martins

1987 | São Paulo-SP, Brasil | Vive em São Paulo-SP

SOBRE | DEPOIMENTO

Sua produção artística transita pelas técnicas da pintura, performance, instalação e experimentação com objetos, partindo de pesquisas sobre as relações interpessoais no cotidiano, investigando questões como o racismo, a violência policial e o encarceramento em massa. Entrou na cena da street art paulistana em 2003, por meio da pichação e do grafite. Nos anos subsequentes, frequentou ateliês de gravura da Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo. Cursou licenciatura em história e artes visuais, e participou de exposições no Brasil e na Austrália.


Minha trajetória como artista se inicia através da pichação. Só depois comecei fazer graffiti. Esse início não se reflete necessariamente em minha produção atual, mas, sim, o convívio urbano que tenho desde esse período.  

Dentre as linguagens que trabalho atualmente, entre pintura, performance, instalações, realmente a primeira está mais presente em minha produção. Cada pintura reflete muito minhas preocupações naquele momento em que as produzo. Na maioria das vezes, essas preocupações são as mesmas, mas os trabalhos se expressam de diferentes formas. Minhas obras são meu meio de comunicação com os outros, e elas discutem situações pelas quais já passei, passo, ou situações que a população negra enfrenta no cotidiano urbano.

Muitas vezes, as pinturas trazem denúncias contra o racismo, a violência policial, a mortalidade da população negra e pobre no Brasil. Mas, um dia, eu pensei que, além de denunciar, eu também tinha que tentar pôr um ponto final nisso, e me veio esse grito: JÁ BASTA! Então, comecei a costurar esses suportes, sobrepondo diversos tipos de tecidos, construindo uma espécie de estandartes de guerra – e tem que ser de guerra, pois 111 tiros disparados pela polícia contra o carro de 5 jovens negros é estado de guerra, 80 tiros disparados pela polícia contra o carro de uma família também é estado de guerra.

O olhar rude dessas pessoas que pinto nessa série, que estão claramente lutando contra os fatos presentes nas colagens de manchetes de jornal que coloco nos cantos da pintura.

O uso da hashtag (#) é um diálogo com as redes sociais, que em nosso tempo é uma ótima ferramenta de denúncia e de informação. As campanhas publicitárias usam # para vender produtos, campanhas políticas usam # para obter votos, eu uso #JÁBASTA! – título da pintura produzida para a 21ª Bienal – para propagar a ideia de que essas situações necessitam de um ponto final.

#JÁBASTA!

#JÁBASTA!

2019 | Acrílica sobre tecidos diversos

 

Com manchetes de jornal e estatísticas de violência contra a população negra estampadas sobre retratos em cores vibrantes, fortemente inspirados pela estética urbana, as pinturas de No Martins funcionam como denúncia e grito de alerta. A incrição #Jábasta, inspirada pelas grandes campanhas nas redes sociais, atenta para a violência policial contra jovens negras e negros nas periferias das grandes cidades brasileiras, assumindo uma posição de resistência.

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