Camila Freitas

Camila Freitas

1983 | Lauro de Freitas-BA, Brasil

Vive entre o Rio de Janeiro e Paris

É cineasta e diretora de fotografia formada em cinema pela Universidade Federal Fluminense, Niterói, com especialização em direção de fotografia na École Louis Lumière, Paris, e mestre em artes visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seu trabalho atenta para as reescritas subjetivas e coletivas do espaço e suas camadas em disputa, e aborda, de diferentes ângulos, a noção de fronteira. O lugar da narrativa e da contação de histórias na conexão entre vivos e espíritos, no contexto de práticas religiosas afro-brasileiras, também é uma questão central em seus projetos recentes. Ela dirigiu os curtas-metragens Passarim (2003), De asfalto e terra vermelha (2010) e Ararat (2014). Seu primeiro longa, Chão (2019), estreou na Berlinale e foi premiado no Festival do Rio, Olhar de Cinema, Festival de Innsbruck e Festival Jean Rouch. Babado, seu segundo longa em desenvolvimento, correalizado com João Torres, recebeu apoio do Festival de Gotemburgo e do Instituto Francês. Vive entre Rio de Janeiro e Paris.

 

Aparição

Aparição, 2023

Vídeo, 24'

Em um ritual doméstico, a avó da artista dá voz e passagem ao caboclo Indaia, seu guia e parente espiritual, que nos convida à comunicação com outros familiares consanguíneos e mais-que-humanos. Ela narra o seu encontro, no passado, com essa entidade espiritual ameríndia, presente nos espaços das espiritualidades afro-brasileiras. O termo caboclo, aqui evocando espíritos de curandeiros ligados ao povo das matas e ao orixá Oxóssi, podia ser usado, em um contexto colonial, em referência a indígenas escravizados, catequizados ou de linhagem mestiça, em oposição àqueles que escaparam à assimilação e à cristianização. Esse encontro torna-se o plexo narrativo a partir do qual histórias multigeracionais emergem como enigmas para habitar entre mundos. Ampliando o campo relacional em torno da ideia de visão, a obra se desdobra em uma janela de interação entre o visível e o que não se vê. A retórica da reparação é analisada em meio à intimidade das relações familiares e dos segredos que unem essas mulheres através das gerações.