Cercle d'Art des Travailleurs de Plantation Congolaise (CATPC)

Cercle d'Art des Travailleurs de Plantation Congolaise (CATPC)

2014 | Lusanga, República Democrática do Congo

É uma cooperativa de trabalhadores de plantações sediada em Lusanga, República Democrática do Congo. Fundada em 2014 pelo ativista ambiental René Ngongo, é uma plataforma para o desenvolvimento de novas iniciativas econômicas baseadas na produção e venda de arte crítica, majoritariamente esculturas em argila que são reproduzidas com materiais da plantação: óleo de palma, cacau e açúcar. O dinheiro das vendas é utilizado na compra de terras degradadas para o desenvolvimento de uma agricultura regenerativa a fim de proporcionar segurança alimentar local, recuperar a biodiversidade e mitigar a mudança climática. A cooperativa já participou de diversas mostras individuais, como no KOW Berlin, Alemanha (2022, 2021); e SculptureCenter, Nova York, EUA (2017); e em mostras coletivas, como a documenta 15, Kassel, Alemanha (2022); e 21ª Bienal de Sydney, Austrália (2018).

White Cube Lusanga

White Cube Lusanga, 2020

Escultura

The Art Collector

The Art Collector, 2015

Escultura

Capitaliste Attaque

Capitaliste Attaque, 2020

Escultura

Feitas inicialmente com argila ou chocolate, essas esculturas foram construídas por impressoras 3D a partir da digitalização e renderização das originais. Abordando temas como a conotação racial do dispositivo elementar de exposição, o cubo branco, a escolha do rico colecionador de artes, dividido entre manter suas riquezas ou compartilhá-las com o artista no mercado, e a figura monstruosa do capital e do dinheiro que devoram e são devorados por homens e animais, as obras questionam as relações entre mundo das artes, capitalismo e herança colonial. A opção por usar uma técnica de reprodução industrial que envolve tecnologias digitais, possibilitando que as imagens tenham ampla circulação, é uma forma de problematizar a relação tanto entre original e cópia como entre tradição e ruptura, revelando uma ambiguidade no centro das possibilidades abertas pelas novas tecnologias e pela globalização.


Balot NFT

Balot NFT, 2022

NFT

Em 2022, a CATPC lançou uma coleção de NFTs que recupera metaforicamente uma escultura congolesa perdida há muito. A figura do adivinho, hoje no Museu de Belas-Artes da Virgínia, em Richmond (EUA), foi esculpida em 1931, durante uma revolta do povo Pende contra as atrocidades cometidas por agentes coloniais belgas. A peça retrata o espírito irado do oficial Maximilien Balot, que foi decapitado no conflito. Seu propósito original era controlar o fantasma de Balot e fazê-lo trabalhar para o povo Pende. Em um novo modelo radical de restituição, o uso de uma tecnologia digital como a NFT – além de problematizar a relação entre original e cópia, tradição e ruptura – se torna uma ferramenta de descolonização.