9.10.2019—2.2.2020
SESC 24 DE MAIO,
SÃO PAULO PT EN

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Tiécoura N'Daou

Tiécoura N'Daou

1983 | Mopti, Mali | Vive em Bamako, Mali

SOBRE | DEPOIMENTO

É artista visual, pós-graduado em multimídia pelo Conservatoire des Arts et Métiers Multimédia Balla Fasseké Kouyaté, Bamako, Mali (2010) e professor assistente de vídeo na mesma instituição. Em suas obras, investiga o tempo, a passagem e a transparência, encenando sua ausência ou, ainda, sua suspensão. Consagrando o essencial de seu trabalho à sociedade do Mali, reflete sobre o sentido da narrativa a partir dos recursos audiovisuais. Participou de festivais e exposições como a Biennale Africaine de la Photographie, Bamako (2009); Festival de Cinéma Africain de Tarifa (2009); e Biennale Arts Actuels Réunion, Le Port (2011), entre outros. Foi premiado nos 7èmes Rencontres Africaines de la Photographie, Bamako (2007) e no concurso de curtas-metragens da Semaine de l’Union Européenne au Mali (2009).


O patrimônio cultural do Mali é muito importante no meu trabalho, pois é aquilo que conheço bem, mas também sou aberto a outras culturas. No Mali, dizemos que o autoconhecimento é o melhor tipo de conhecimento. Para mim, a arte digital contemporânea é uma boa maneira de reavaliar nosso patrimônio histórico e torná-lo mais acessível. Também é importante mostrar que não existe separação entre patrimônio histórico e o contemporâneo. "A arte contemporânea de hoje será o patrimônio histórico de amanhã," disse Yacouba Konaté, um importante curador e filósofo africano.

Sou artista visual, portanto me envolvo com diversos suportes, ainda que o vídeo ocupe um espaço grande nos meus trabalhos. A escolha do suporte depende do tema e da emoção que eu quero que o público sinta. Mas, para este trabalho, a fotografia se impôs a mim. Porque a textura de Banko, a beleza da arquitetura, o movimento das pessoas se tornam mais visíveis nesta linguagem. A fotografia ajuda a congelar o tempo e a atmosfera em torno da cerimônia e permite assisti-la em profundidade.

Esta série que apresento na 21a Bienal poderia ser exibida como uma instalação, pois, além das fotos, também registrei os sons da cerimônia, e isso permitiria ao espectador imergir na atmosfera desse rito.


Djingareyber

Djingareyber

2017 | Série de oito fotografias

 

Ocupada por terroristas em 2013, a mesquita de Tombuctu, no Mali, está sendo restaurada pela população da cidade, numa tentativa de preservação de sua herança. As fotos de Tiécoura documentam uma tradicional cerimônia de emplastro, reunindo mulheres, homens, jovens, crianças e idosos. Como portador de esperança e uma base de coesão social, o ritual é um testemunho, para as comunidades de Tombuctu, dos esforços feitos para a retomada do patrimônio e da vida cultural local, tão rica antes dos conflitos.

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